segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Pois é

Sobre a Paixão (Tutorial)

Quando as palavras calam a fala
E o ar é tanto que chega a sufocar
Quando a vontade chega tão perto do desejo
Transformando dois
Em um menos só
Quando o coração ocupa todo o peito
E não bate
Derruba
A porta
A janela
Abre cada fresta
Inunda cada vão
Feliz do homem
Que sempre que pode
Perde a razão
O argumento
Transforma água em vento
Chão em céu
E voa livre
Esquecendo do medo
Brilhando pra vida


Um grande beijo!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Barafunda

Entre o Ser e o Não Ser, Sou

Eu poderia gritar, chorar, espernear
Desistir, quebrar pontes, romper caminhos
Poderia me trancar no quarto, quebrar os discos, destruir arquivos
Queimar as letras, apagar as fotos, excluir registros
Enlouquecer, voltar a ser normal, praticar excellidade da vida
Comprar apenas sapatos pretos, usar sempre dois brincos, cortar o cabelo
Eu poderia engordar 20 quilos, emagrecer 10, estagnar
Poderia nunca mais pintar as unhas de vermelho
Nunca mais acessar e-mails, me casar, ter cinco filhos
Nunca mais escrever uma linha, seguir em frente aos pedaços
Eu poderia quebrar todos os meus dentes e viver na banguelidade
Perder o sorriso.
Poderia não mais maquiar meu rosto, esquecer meus cílios
Não mais piscar
Me viciar em corrida e fugir pra bem longe
Nunca mais comer macarrão, chocolate
Me matar à mingua
Sem amor, sem emoção, enterrar meu dom
Eu poderia
Mas prefiro atravessar a frustração ao meio
Quebrar, deglutir, digerir e continuar
Ter uma idéia atrás da outra, noite após noite
Seguir almejando, desejando, construíndo
Acreditando piamente
Implodir tudo o que tenho
Não me trará tudo o que quero
E eu quero muito.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Cobra de Vidro

Arco e Flecha


Te engoli com olhos de traça
E envolvi com teias de aranha
Farejei como quem caça
Desejei toda carícia
Menti como quem reza
Desfolhei cada pedaço
Foquei como quem flecha
Falhei
Deixei leve rastro
Eu quis
Como quem não
Não diz
Nem a metade
Me fiz
Em tantos pedaços
Cadê?
Que não me acho
Te vi
Com todos os olhos
Cadê?
Cadê todo mundo?


Um Grande beijo!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Eu Te Amo (II)

De Longe

A voz me faltou
Não pude dizer nada do que eu queria
Foi além do físico
Mesmo se estivesse a plenos pulmões
A coragem me faltaria
E não por falta de coração
Eu fiquei ali
Como uma criança
Contemplativa
Mirando
Admirando
De longe
E quando me aproximei...
Tive medo
Como sempre
A cada abraço
A cada beijo
Esse medo só aumenta
E eu não sei como dizer
Só sentir
Nada mais difícil que admitir
O amor...


Um grande beijo!

domingo, 30 de outubro de 2011

Amor Barato

Cala a Boca Já Morreu

É só de amor?
Não pode
Tem que variar
Escreve sobre a...
Maçaneta, porra!!
Tem intelecto de sobra aí
E nem tão guardado assim...
Vai lá
Tenta!
Como se fosse fácil...
Mas difícil mesmo
É estar sempre apaixonada ou desapaixonando
Megalo-esquizo-platônica
Nada é concreto
Mas foge do abstrato
O que é o amor pra você??
Eu, que "só" falo disso
Ainda não sei responder
Nem traduzir
Mas sigo tentando
Quem sabe...
Um dia...


Um Grande Beijo!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Querido Diário

Uma Fábula Nada Interessante

Ela sempre volta sozinha pra casa
Por hábito, vontade
Ou recato
O fato é que
Depois de toda a festa
De todo o encanto
Ela recolhe seu canto
E vai
Da última vez foi diferente
Por contratempo, ilusão
Ou fantasia
Ela não queria
Estava feita a magia!
Enfeitiçada
Não houve argumento
Que convencesse
Cega
Botou a cara
E levou o tapa
Que me doeu só pelo estalo...
Levou um tempo para que ela entendesse
Levou um tempo para que eu digerisse
Já que somos tão próximas...
Naquela noite
O caminho de casa foi longo
O silêncio doido
E também tinha um choro engasgado
Que não saia
Alegria e tristeza
No mesmo momento
Como pode?
Se eu sou ela
E ela sou eu
Quem apanhou e não se defendeu?
Se ela sou eu
E eu sou ela
Quem deixou essa porta aberta?

Um grande beijo!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Trocando em Miúdos (IV)

Amorfagia

Carne de primeira
Preparada para ser devorada
Amaciada sem pancada
Carne trêmula
Nervos expostos
Pedintes
O recheio é o que importa
Quanto mais melhor
Malvada carne
Tinhosa
Forte produção de saliva
Sal na boca
Tempero nas mãos
Cortada de leve
Degustada aos poucos
Rins, Fígado
Coração
Saídos de mim
Agora em ti
Vivem a pulsar

Um grande beijo!

sábado, 17 de setembro de 2011

Ciranda da Bailarina

Piscininha

Talvez minha sina seja
Me assustar
E bater em retirada
Talvez  não
Talvez crie coragem
E me declare
Talvez dispare
Talvez
Um dia
Mulher
Ou sempre menina
Debaixo do tapete
Da saia
Do pano
Talvez um dia eu me jogue
Repita comigo:
"Eu sou uma piscininha"
Tchibum!
Talvez...


Um Grande Beijo!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

João e Maria

Ponderar junto ao coração
Que não é hora de sentimentos
Mas sim de ação
É tão ou mais difícil
Que explicar a uma criança
Que aquela delícia de sorvete de chocolate
Só pode ser lambido e comido
Depois do brócolis...


Um grande beijo!

Carioca

Da Janela 

Fiquei olhando pela janela
Até que você sumisse em nuvens
Até que o azul do seu mar virasse couraça
Perto do sol e já longe
Eu perdia o Cristo de vista
Decidida pensei: "essa foi a última vez que parti."
O seu curso
Rio
Será minha casa


Um grande beijo!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ela Desatinou (IV)

Hoje eu me cansei da poesia. Nem menina do samba, nem olhos que sorriem, nada de hipnotizar. Me dispo do fracasso de não ser nada disso, me liberto dessa escravidão que é ser quem sou. Dispenso toda a intensidade que me é peculiar, me livro dessa sensibilidade exagerada.
Exagerada? Muitas vezes isso. Muitas vezes mais. Muitas e muitas, sem parar. Chega, quero ser padrão. Só por hoje.
Nada de ser polida e elegante.Não quero mais toda essa autenticidade, hoje quero ser multidão. Nem burra, nem inteligente. Gente.
Só por hoje queria ter um coração mediano, um coração que não abrigasse. Menos mel, mais fel.
Só por hoje, não cantar. Só por hoje não amar.
Anestesiar as revoltas, abstrair rejeições, transmutar sentimentos.
Entender o que acontece de errado. Repetir só o certo.
Menos bondade, mais salinidade.
Só por hoje.
Nem mais.
Nem menos.
Meio termo.
Água morna: nem parada, nem profunda.
Só.
Por hoje.
Por hoje, só.
Só por hoje.

Um grande beijo!

domingo, 28 de agosto de 2011

Luisa

Lou Lou

Biruta na cabeça
Apontando para todas as direções
Pelos ares, terras e mares
Correria a vista!
E salta de sonho em sonho
Com o melhor salto
Flutuando no mais belo vestido
Sorriso engatilhado, mão falantes
Olhos ligados
No movimento da rua
Nas calçadas
Nas pessoas do trem
Ela passa e só de pirraça
Faz a gansa, faz que nem vê
Egípcia, Helênica,
Greco-romana
Ela é tudo e todas
Como ninguém
Seria musa
De Chico, Tom e Vinícius
Com um pé nas costas
Beleza estampada
No rosto que finge o desgosto
Que nem mesmo sente
Doce-mente
Dramática, errática
Minha parte mais lunática
Te tenho como uma personagem
Intocável em minha trama
Amiga
Protagonista do mundo que criei
Das artes à casa que abriga
Lou Lou
É minha
E de mais ninguém!

Um grande beijo!

PS: Para a minha Luiza, com Z.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Baioque (II)

Para a Vida

Nasci para desafiar
Olhar fundo
Nos olhos de cada um
Buscar o mais remoto sentimento
Jogar notas e mais notas
Como quem verborragicamente
Discursa no tom
Nasci para seduzir
Lhe despertar a cada acorde
Excitar em você
As minhas fantasias
E a cada luz que acender
Brilhar sobre os palcos que vida me der
Nasci para plantar e colher
Gestos, fascínios, sonhos
Aguar o mundo
Inundar terras
Com som e poesia
Povoar ferteis imaginações
Com força e doçura
Nasci para o arrebatamento
Impulsionada pela paixão
Me movo em direção ao novo
Com o medo de quem desconhece
Mas com o desejo de quem anseia
Nasci para mostrar o melhor de mim
Em ti
Nasci para a vida
Quando a vida nasceu para mim

Um grande beijo!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A ostra e o Vento (II)

O Maestro e a Bailarina

Ele descobre
Na ponta dos dedos
Todos os sentidos
Da bailarina
Que de ponta cabeça
Perde-se num passo que vicia
O maestro dita cada movimento
E como um leão a domina
Notas soltas
Firme andamento
"E um
 E dois
 E três
 Dinâmica, menina!"
Mas ele ainda não conhecia
Os segredos da bailarina
Que por baixo da frágil fantasia
Era pura dopamina
E quanto mais a desnudava
Mais surpreendia-se
Ela soava de leve
Mesmo em ritmo de força e explosão
E de passo em passo
Docemente
Ela trançava em pés os acordes
Da valsa que o maestro
Já encantado
Um dia criaria


Um grande beijo!












domingo, 7 de agosto de 2011

Ela desatinou (III)

Osmose

A nuvem que chove
Só pra me grudar a roupa no corpo
É a mesma rua que me quebra o salto
E me apaga o batom
O vento que me embaraça o cabelo
O frio que me congela
E o casaco que não me aquece
São feitos do mesmo feitiço que me encanta
E enlouquece
O carro que estraga
O táxi que não vem
A fila na porta que dá preguiça
A pista lotada que me sufoca
A história do filme que só ouriça
Aumentam essa distância
Que não há medida nem pés que alcancem
É um sentimento
Sem sentimento
Sem coração
Liberdade em prisão em liberdade
Hipnotizante foto no canto da tela
É o relógio parado
E o meu corpo contando segundos
É esse desejo que me acorda
O mesmo que não me deixa dormir
É um mundo conspirando
Tramando
Enredando início e meio
Adiando o fim


Um grande beijo!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ah Se Eu Soubesse

Céu da Boca

É noite quando o dia dorme
Insone
Bandido me leva a lua
Aí é quando o couro
Carcome
Olhos estalados
Num céu cheio de estrelas
Sem hora pra voltar

O impresso dos seus sapatos
Decoram o meu papel-chão batido
Enquanto espero
Marco tudo o que sinto
Anoto cada pedaço
Minto, desvio
Piso forte, demarco
E quase desarmo
Dentro de um longo abraço
De um corpo que nem conheço
Objeto não identificado
No céu de um dia agitado
Que quase esqueceu de deitar...


Um grande beijo!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nina

Amor Diminuto

Você sempre disse
Que eu tinha que me apaixonar
Andar por aí
Como quem é feliz
Cantarolando assobios
Sorrindo para aquele triste
Que não sorri
Foi me conquistando
Pouco a pouco
Sem pressa
Pelo sono, pelo zelo
Por osmose
Ou algo assim
Todo o calor desse mundo
Inflamável paixão
Joguei meu coração
Que caiu sem escalas
Estatelado num chão sem estrelas
De um amor diminuto
Tão fugaz como o tempo
Que escorrendo por mim
Me deixou em minutos
Apressado e sem fim
Hoje aquele que passa na rua
Assobiando
Sorri para mim


Um grande beijo!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Roda Viva

Fluência

A palavra cala o pensamento
Cala o som que vem de dentro
Cala a vós
Sopra ao vento
Cala mais
Cala tudo
Cala o peito
Cala olha
Cala e vê
Que quem cala
Pode ser a fala
De quem fala
De quem grita
De quem canta
A fala que te levanta
Te liberta
A fala que nunca cala
Palavras, palavras, palavras
Nunca me faltem!
Calo
Escuto
Penso
Falo
Assim
Reinvento a vida


Um grande beijo!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dura Na Queda (III)

3x4 e meio

Quem é você?
Eu??
Eu sou bem isso que você está vendo
Uma forma elegante de charme discreto
Onde a modéstia não fez grande parada
Pelo corpo
Amêndoa, maçã
Melancia, mangas, pêra e jaboticaba
Na cabeça
Palavras em plena entropia
Prontas para pularem entre meus dedos
E tornarem-se um belo
Ou não
Poema...
Ou...
Uma letra!
Sim
Por que as palavras
Me exigem à exaustão
Me enlouquecem
Escravizam meu canto
Ah, mas quando eu canto...
Não há quem segure
Imprimo força a cada acento
E no lugar da razão
Quem manda é o coração
A cada acorde
Todas elas em comunhão
Dão vida ao meu cantar
Mas sou mais que isso, moço
Bem mais
Sou do bem
De bem
Amo mesmo sem saber amar
Me entrego
Recolho
Arrependo
Choro
Sim, eu choro!
E me jogo às ondas de novo
E sempre
Mesmo que nada se compare à primeira vez...
Mergulho
Ahhhh, seu pescador
Se me pegar
Só não me deixe cantar...
Rede que pesca sereia
Acaba no fundo do mar

Um Grande Beijo!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A Volta Do Malandro

Você Não Tem Nome

Por repetição
Em série
Sem ser humano
Nem bicho
Nem nada
Boneco de ventríloquo
Não sente
Finge a fala
Que nem fala
Vazio imenso no peito
Que não deixa dormir
Amanhecer
Sem novo dia
Dia a dia
Que se repete e repete
Que dó...
Pílula da felicidade
Remedo de fantasia
Sem prazer
Só orgia
Que pena...
Nada tem valia
Peças sem rosto
Rendadas, bordadas
E só
Teia que enrola
Vida que sevicia
Quadros sem cor
Sob fortes molduras
Sentimentos de plástico que jamais reciclam
Os mesmos lugares
Os mesmos olhares
À procura de ninguém
Cheque e mate
Fim de jogo
Você acha que ganhou
Mas de novo se perdeu
Na brincadeira do 'só eu'

Um Grande Beijo!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ciranda da Bailarina

Valsa Para A Bailarina Que Eu Nunca Fui

Nem saltos ou piruetas
Prendi minha bailarina na gaveta
Na solidão da caixinha de música vazia
Dormia
E sonhava com pontas
De sapatilhas afiadas
Pé fincado no chão
De um corpo a rodar
Peão girando em meu coração

Assim baila minha bailarina
Escondida em mim
Sem teatro
Sem platéia
Ou fantasia
Baila ao som
Da valsa que criei
Pra celebrar o que não fui
Baila a bailarina

Um Grande Beijo!

sábado, 7 de maio de 2011

Ela Desatinou (II)

Em Dois (De leve, me leve...)

Eu quero verbos sinceros
Pela manhã
Teu cheiro
Meu silêncio
Na cama
Segredos guardados
Esparramados pelos lençóis
Coração com vista ampla
Para sua varanda
A cada onda de desejo
Infinito mar
E no dia em que eu fugir
Porque eu vou fugir
Lhe esperarei a cada final de tarde
Escondida atrás da cortina
Quase pronta pra voltar

Me sinto leve com você
Leve, leve, leve
Me leve com você
Me leve

Quero dançar na sua pista
Aquela nossa música
Quero dançar com você
Vivendo a liberdade
Individual em comunhão
Ter uma vida pra brincar
E um minuto pra decidir
Se desenho nessa trilha
Pedrinhas
Pra você me achar

Me sinto leve com você
Leve, leve, leve
Me leve com você
Me leve

Quero tocar você
No melhor tom
Compor sussurrante canção
Cantar você
Para você
Falar, ouvir
Das coisas de nós
Lamber, morder
Quero tudo lá dentro
Palavra, sentimento
Carinho, contratempo
Um amor a dois
Só dois
Em um leve amor



Um grande beijo!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Que Será? (À Flor Da Pele)

Eu Não Sei Como Chamar João

Bonitinho
Vem brincar comigo
Sozinha não tem mais graça
Por mais que eu voe por aí
Seu som me chama
Das meninices ele entende bem
As meninas adoram
E eu...

E eu não sei como chamar João
Ele é de todos
Roda, roda
No mundo
E eu?
Não sei não...

Cheiro de doce
Sorriso no corpo
Energia, simpatia, alegria
Salve, salve
Lá vem ele
Esbanjando graça
Hiper, master
Rei das mãos
Carinho nos olhos
Que piscam pra mim
Mas eu...

Eu não sei como chamar João
Será que ele vem
Como diz
Prefiro esperar
E deixar que o tempo nomeie por mim


Um grande beijo!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Essa Moça Tá Diferente (II)

Pé De Valsa

É hoje
Que vou dançar com meu bem
E não tem
Não tem quem diga não
Não há pé que resista

Ao meu sambar na pista
O meu corpo pede
Aquele som do Ben Jor que me instiga
 
(Sujeita você é um barato...)

Hoje eu quero tudo
Quadris se misturando
Braços se alongando
Ficar cara  cara com o desejo
Olho no olho
Boca louca

(Eu quero ela, eu quero ela, eu quero ela)

É hoje
É com esse que eu vou
Eu vou, eu vou
Eu vou ficar
Até que o sol venha me buscar
É hoje

Ana De Amsterdam (II)

Solta

Engarrafada por dentro
Vias obstruídas
Olhos congestionados
Talvez seja o frio
Retalhando convicções em pedaços
Não há como retoceder
Você já entrou
Ninguém entra ninguém sai
Felicidade à meia luz
Corpo emitindo sinais
Fluidos, gostos
Teu cheiro vai e volta
Só por um minuto
Solto o freio do freio
E me lanço
Teu abraço me prende
Mas não amarra
Vou sentindo o que é bom
Coração nos ares
Pés fincados no chão
Já, já eu volto
Para aquele sim que quer dizer
Então...

domingo, 24 de abril de 2011

Carioca (II)

Meu Sim é Não

Eu disse não
Ele sorria
Olho brilhava
Contradizia
Ele também disse que me queria
Eu disse não
Mas ele vinha

Eu disse não
Não
Eu disse não

Joguei um balde de água fria
Ainda assim
Ele insistia
Vinha docemente
E repetia
Passo a passo
O que ele faria

Eu disse não
Não
Eu disse não

E quanto mais eu repetia
Mais gentileza
Ele me oferecia
E tudo o que seu corpo sugeria
Bateu
Era tudo o que eu queria

Eu disse não
Meu sim é não
E disse não
Meu sim é não

Um grande beijo!

Ela Faz Cinema (II)

Imaginativa

Eu imagino tudo
Quando você fala da sua casa
Das suas coisas
Da sua cama
Posso ver as cores
O lugar dos móveis
Os vãos
Eu vejo
Quando você chega
E joga a mala pro lado
Enquadro
O banho alongado
Cada espreguiçar
Eu sinto
O cheiro do chá
O perfume do creme
O gosto do gosto
Delay no corpo
Plano fechado
Retina cineasta
Filma suas idas e vindas
Coração amador
Mistura ator e personagem
Torce pelo destino de um roteiro
Já certeiro
De um filme acabado

Um grande beijo!

sábado, 26 de março de 2011

Jorge Maravilha

Ácido Tempo

Foi bom te ver bem
Bem longe do que um dia foi
Só dói saber
Que não sei mais
O que toca em teus fones
Tardes e noites mudaram
Possivelmente manhãs também
Tomaram outra cor
Mergulhadas em outra viagem
Ácido tempo
Inebria e engole
Não tem mais sonho a dois
Cada um por si
Sem mágoas
Passado
Tão passado a limpo
Que já nem lembro mais
De mim
Individualidade modificada
Mudei tanto
Que nem a sombra escapou
Estado de solidão
Banzo de nós
Nunca mais
Desfragmentamos
Pra melhor
E isso foi bom
Meu bem

Um grande beijo!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Trocando em Miúdos (IV)

DesDois (Desculpe, esfriou)

Eu fiz uma bagunça
Eu sei
Perdi a cabeça
Mudei tudo de lugar
O que era pra estar na geladeira
Foi pra baixo do sofá
O que era quente
Deixei esfriar
Desculpe
Vê se não sofre
Nem me espera chegar
Já que não tem remédio
Melhor esperar secar
Ferida aberta
Melhor deixar sangrar

Eu fui pra rua
Sentir a lua me seguindo devagar
Eu quis a estrada escura
Me deixa tropeçar
Me deixa

Essa casa me sufoca
Nao quero mais ser dois
Nem quero mais brincar
Me solta
Me deixa respirar
Não quero mais esse vestido
Esse anel
Essa vida
Me deixa!

Aquela lua tinha mel demais
Eu quero sal
Eu quero tudo
De bem com a solidão
Eu sigo assim distônica
Me deixa
Me deixa


Um grande Beijo!

domingo, 13 de março de 2011

Moto-contínuo

Não diz que diz Não (Singlesampleação)

Dizer sim à voz
Da voz que sai lá de dentro
Não diz que diz não
Pra mim
Duro pulsar
Coração sintônico
Sustento
Aqui há amor
Vendemos sexo, sim
Panelas, escombros e malas pra viagem
Não vou mais ligar pra você
Pode falar
Que eu não estou te ouvindo
Olhos em desaforo
Nas mãos 
Digitalização das impressões
Singlesampleação
E na garganta
Um chakra-nó
Já desfeito
Esse Moreno me canta
E eu bem aí
Você vai sentir
Quando tudo iniciar
Mejestosa e alegre
Epidemia na avenida
Meu enredo não é samba
Não é bossa
Não tem nome
'Des-generado'
No pé
A distância
Correndo pra perto
Desse canto que
Num tanto
Me faz tão feliz

Um Grande Beijo!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Imagina

O Sorriso Do Bambolê De Alice

Rebola divertida
Sem vergonha
Bailarinha, escritora
Repentina
Monologa livre
Um texto agora inventado
Como quem decora
Recado
Espumante explode em cores
Sem censura, semitonando por aí
Sem culpa
Des-culpa
Des-pida
Piano, violão
Deixa tudo soar
E vem!
Dança, medita, levita
Grava tudo na retina de quem vê
Bambolê novo
Já rodando sem cair
Estamos todos aqui
Esse é o nosso mundo
Dividindo artes
Repartindo graças
Felizes, atrizes
Em prosa
Todas cantantes
Bamboleantes
Rodando, rodando...

Um grande beijo!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Corrente II

Repaginar

Recuperar
Recobrar
Reconstiruir
Rever
Reverter
Ressentir
Reestruturar
Retornar
Repescar
Redirecionar
Retratar
Reabilitar
Reinterar
Reaproximar
Reviver
Reaproveitar
Recriar
Re[voltar]
Re[inventar]

Um Grande Beijo!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Alô, Liberdade (III)

Vidala

Agora
Pés despregados do tempo
Voando alto
Voltando em sonhos
Queria poder cantar
Bem perto
Do peito
De perto...
Cho co la te
Pão
Lírios e um cartão
Dedilhando gestos
Violão
Doce
La la la la
Lá onde ninguém mora
Vi você
Então despertei
Longe é não
Sim talvez
La la la
La ra lara
La ra la ra...

Um Grande Beijo!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Gota D'água

Anorexia D'Alma

Convidei Don'Alma pra jantar

Tava magrinha...
Faltava uma cor, sabe?
Sugeri o laranja salmão
Um amarelinho pure de batata
Quem sabe um verde espinafre?
E nada
Pela cerrada boca d'Alma
Nem ar passava
Não me dei por vencida
Que tal um docinho?
Torta de limão, sorvete,
Um chocolatinho??
Ah, engorda...
Então desisti
Fui ser feliz
Afinal
Ninguém merece
Essa dieta perene D'Alma!


Um Grande Beijo!

A Rita

Prefiro Você a tu (Engasgo)

Não tenho coragem pra falar
Vou protelando enquanto dá
Enquanto não sufoco
Inspiro

Respiro
E só
A tua imagem tem dias contados
Tão contados
Quanto os tostões que almejas
Respira enquanto tem ar
Por que Inspirar
Já não me inspira mais.
 
Um Grande Beijo!