quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ela Desatinou (IV)

Hoje eu me cansei da poesia. Nem menina do samba, nem olhos que sorriem, nada de hipnotizar. Me dispo do fracasso de não ser nada disso, me liberto dessa escravidão que é ser quem sou. Dispenso toda a intensidade que me é peculiar, me livro dessa sensibilidade exagerada.
Exagerada? Muitas vezes isso. Muitas vezes mais. Muitas e muitas, sem parar. Chega, quero ser padrão. Só por hoje.
Nada de ser polida e elegante.Não quero mais toda essa autenticidade, hoje quero ser multidão. Nem burra, nem inteligente. Gente.
Só por hoje queria ter um coração mediano, um coração que não abrigasse. Menos mel, mais fel.
Só por hoje, não cantar. Só por hoje não amar.
Anestesiar as revoltas, abstrair rejeições, transmutar sentimentos.
Entender o que acontece de errado. Repetir só o certo.
Menos bondade, mais salinidade.
Só por hoje.
Nem mais.
Nem menos.
Meio termo.
Água morna: nem parada, nem profunda.
Só.
Por hoje.
Por hoje, só.
Só por hoje.

Um grande beijo!

Nenhum comentário: