sábado, 28 de fevereiro de 2009

Imagina

So Far

O meu mundo é o da lua
Minha casa é feita de céu
Minha luz é o sol
Minha poeira é de estrela
Me jogo de nuvem em nuvem
E não caio
Me firmo de
Raio em raio
Sou uma estrelinha
Que brilha
Brilha
Sou um cometa
Que alegra e irradia

Beijos e até!

Mar e Lua

Pra Voar

Trago às cores
Respostas da retina
Nada cega
Mais para mim
Minha lamparina
Se rendeu ao teu ar
De sol e céu

Minha flor
A desabrochar ninguém te ensina
Nem tampouco
A enfeitar o cabelo da menina
Isso é seu
E essa é sua sina

Sou assim
Como um traço de abandono
Te apavoro e depois mudo de dono
Beija flora
Flor em flor
é o meu lugar


Beijos e até!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Cala a Boca Bárbara

Sem Samba Pra Ela

Hoje a menina chorou
Desaprendeu o seu velho samba
Não quis mais
Ser a mais bela
Hoje a porta que estava entre-aberta
Bateu
E como doeu
Hoje a menina cansou
Desprezou o seu velho samba
E não quis mais cantar
Calou a voz
Não quis mais ser nós
Ficou só
E de medo
Hoje a menina chorou
Se desentendeu com o seu velho samba
Não quis mais ser porta-bandeira do amor
Cansou
Desencantou
Hoje a menina chorou
Só por hoje
E pela última vez...

Beijos e até!

Cálice

Nunca mais

Nunca mais invisível
Sem mais sorrisos por fora
E maré revolta por dentro
Agora
A mim
Só cabe o meu tamanho
Não quero mais
Fingir ser mais
Ou menos

Nunca mais me sentirei assim
Não quero mais
O nada
Nem nada parecido com isso
De novo para mim
A sensação de ser micro
Perante ao outro, nem tão macro assim...
Acabo de aposentar
Minhas lentes de aumento

Nunca mais
Pequena
Nunca mais


Beijos e até

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ela Faz Cinema

A Fabulosa história, ou não, de um grande caso futuro de amor

Tá guardando as minhas pedras
Para fazer um castelo?
Sai dessa
Abre as portas e me deixa passar a noite
Não quero morar
Talvez um dia
Mas hoje
Só quero o calor
De uma cama quente

Tá fingindo que não me vê
Por quê?
Sem essa
Não quero a alma
Por enquanto
Mãos, língua
Tronco e pernas
Bastam
Até o coração
O caminho é longo
E divertido

Tá com medo de quê?
De quem?
Eu não sou tão grande assim
Vamos brincar
Um com o outro
E ver no que esse jogo
Vai dar
Não importa o placar
Mas o que de bom
Cada um vai ganhar

Beijos e até!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cantiga de Acordar

Pra te Alegrar

Hoje é o dia da raça
Daqueles que estão nessa vida
Por pura paixão
Não importa que dia faça
Se chove ou se é verão
Me vejo em cada praça
Boteco
Teatro ou balcão
Fazendo aquilo que gosto
Pra espantar a solidão
É hoje...

É hoje o dia
Daqueles que esperam
O grande dia chegar
Afina o cavaco,
Ajusta o pandeiro
E manda a cuíca entrar
Quero muito batuque
No meu samba enredo
Por que hoje é o dia
Que eu escolhi pra avisar
Que eu cheguei nesse mundo
Só pra te alegrar
Amor
Que eu cheguei nesse mundo
Só pra te alegrar

Já digo que é hoje
É hoje...
O dia do meu povo sambar
É hoje...
O dia do meu povo dançar
É hoje...

Beijos e até!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Folhetim

Feita de Nada

A última
Àquela a quem nada se revela
Nela nada é sal
Nem açucar
Aquela que nada
Em ninguém revela
A boba
A que não importa
A sensação de nada
Inunda
Choro
Água lavada
Que rola dela
Ela
Aquela que não rola
Que não serve
A louca
Dela tudo se espera
E nada se leva
Nela tudo explode
Por dentro
O que a ninguém revela
Ela
Aquela que não era
Que não tem nome
Nem música ou letra
Nada
Nunca é pra ela
Por tudo isso
É ela
Aquela que eu não quero
Esquecer
É nela que eu sinto
O que me falta
Mesmo sem saber


Beijos e até!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

João e Maria II

Se Der Ela

Na minha história de hoje
Tudo tem
Tem reino distante, Bruxa
Princesa, passarinhos
Grandes jardins, cachoeiras
Menos príncipe
É, na minha história
Não tem príncipe
Não quero!
Não tenho vontade de esperar
Impávida
Quase morta
Por um beijo
Estou sem vocação
Para cavalgar
Ladeada numa garupa
De um cavalo branco qualquer
Nunca quis tecer minhas próprias tranças
E deixá-las longas
A ponto de servirem de escadas
Nunca!
Ponho no meu quarto quem eu quero
E pela porta da frente
Não, eu não suporto príncipes
Aquelas roupas, aquela pompa
Se eles ainda cantassem bem...
Mas nem isso
Todos parecem ter engolido
Um manual do Nicola Vaccai
De como ser um bom tenor
Às favas com as fábulas!
Na minha história de hoje
Tem uma bela
Que parece fera
Mas não é
Uma princesa que canta de verdade
Uma mulher maior que o seu reinado
Tem um imenso mundo real
Pela frente
E a quem essa história não agradar?
Que procure outra
Por que essa é minha
E já está quase pronta!

Beijos e até!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Fora de Hora

Feriado

Cansada de escrever minhas próprias falas
Busco nos tradutores
Um reflexo para as minhas emoções
E dou um sentido aos meus sentimentos
O que antes era certeza
Hoje
Não passa de solidão
Cansada de descrever minhas próprias
Aspirações
Trago as deles
Para mim
E assim respiro
Descanso
E me inspiro
De novo e de novo
Sempre

.
.
.



Bagatelas
Adriana Calcanhotto
Composição: Roberto Frejat/Antonio Cicero

Eu dizia "Apareça"
Quando apareceu
Não esperava
Um dia me beijou e disse:
"Não me esqueça"
Foi embora
E só esqueci, metade...

Que bom
Que eu não tinha um revólver
Quem ama mata mais
Com bala que com flecha
Ela deixa um furo
E a porta que abriu
Jamais se fecha...

Nada disso tem moral
Nem tem lição
Curto as coisas
Que acendem e apagam
E se acendem novamente em vão...

Será que a gente
É louca ou lúcida?
Quando quer
Que tudo vire música?
De qualquer forma
Não me queixo
O inesperado quer chegar
Eu deixo...

E a gente faz
E acontece nessa vida
Nessas telas
Nessas bagatelas...

Que bom que eu
Não tinha um revólver
Será que a gente
É louca ou lúcida?
Quando quer
Que tudo vire música?...


Noite
Adriana Calcanhotto
Composição: Antonio Cícero / Orlando Morais

Vêm lá do canal
Reverberações
Do ladrar de um cão.
Uma dessas noites
Tudo vai embora:
Leve-nos,
Ladrão.
Abre-se o sinal
Sem ninguém passar.
É melhor ser vão
Tudo o que pontua
Nossa escuridão.