quinta-feira, 16 de maio de 2013

Barafunda

Des-dois

Se não caem bem os versos
Troco a folha
Mando em branco
Ou rabisco o que for
Não importa
A nota de rodapé é sempre a mesma
PS: I love... who?
E mesmo sendo a mais mera das mortais
Pra você nem sou
As linhas parecem retilíneas demais
Mesmo em frases férteis
Pra você mono
Monólogo
Monossílabo
Monalisa sem mistério
Concretando o abstrato de Monet
Sepultando Bukowski em cova estéril e rasa
E porque não nos acusar de doida distônica sintonia?
Aí, tenho por certo que até Freud  endossaria
Mas voltando à vaca fria
Como posso libertar-me com palavras
Escrevendo o que sinto
E dispensando a ditadura que me vem imposta
Há tanto tempo...
Como posso?
Sendo a antítese de Amado
Sem paisagem
Sem flor
Poeta cega de amar
Que só tem olhos para o amor
Num grande sertão das palavras
Nessas veredas já tão distantes daí






Meu Caro Barão


Invisível


A ponta do lápis não quer escrever
Eu aponto e ela quebra
Faltou tinta no tinteiro do mundo
Meu teclado
Rígido me rejeita
Parece que essa folha em branco me quer assim
Só pra ela



sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sou Eu

Chão

Quando o céu tá cinza

Em dias não fáceis
Quando o mar tá revolto e o cabelo também
Quando como muito, quando nem
Quando o vizinho tá baile funk no talo
Quando lembro do sim que eu não dei
Danço, danço, danço só pra sentir o chão dançar
Quando o mundo pisca, quando a terra para, os olhos pingam, o corpo chora
No frio pra esquentar, no calor pra espantar, 
Bambolê, bola, quadradinho
A cada hiato nosso, em cada momento de de ferro fundido
Enquanto dama, enquanto drama
Careta, de cara, nua
Só o que sei é que
Danço, danço, danço só pra sentir o chão dançar
Por você, pra nós
Enfim a sós, 
Danço e danço e danço 


PS: Feito em 19 de abril de 2013

Sem Fantasia

Dos Quereres

Quero beber-te quente sem soprar

Sentir-te lava em mim
Cem graus à sombra
Quero sentir-te água corrente, deslizando por entre meus meios
Inundando minhas frestas
Quero comer-te sem mastigar
Chupar-te feito bala que derrete minhas papilas
Quero ouvir-te até ensurdecer
Colher-te sílaba à sílaba
Ler-te em silêncio
Quero-te sólido, quero-te mar 
Quero-te ar
Quero-te todo
Quero-te assim
Quero-te em mim



PS: Feito em 10 de março de 2013