segunda-feira, 23 de junho de 2008

A Volta do Malandro

Terno Azul

Chegou, sentou
Deitou a cabeça em meu colo
Havia terra por todo o seu corpo
Sujando seu terno azul
Enquanto assistíamos aquele filme
Pela segunda vez
A cena se repetia
Aquele amor parece imortal
Não macula, não machuca
Não existe
Foi só um sonho
Enquanto mulheres casavam
Com rosas vermelhas nas mãos
Outras falavam
Será que será para sempre?
Outras esperavam bebês
Com a urgência de ontem
E eu aqui, com essa cabeça em meu colo
Adorando essa sensação de falso amor
Vivendo como se estivesse em um vídeo
Estática, com medo de acordar

Beijos e até!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Cara a Cara

Nua e nada mais

Mais uma vez nua
Sem nada que me tape ou esconda
Em toda tela que vejo
Há uma pintura
Uma tinta que cobre
O que antes era cru
Em mim, não
Não tenho nada de cores
Mais uma vez aqui
Sentada sobre o meu medo
Esperando pelo que
Não sei
Se você me encontrar
Não me olhe com aquele espanto
De quem vê a carne
Baixe a cabeça
Ou suma do meu mundo
Mais uma vez inerte
Sentindo aquele peso
Do enorme vazio que carrego
Sentindo aquela vergonha dos que
Não tem
Mesmo que eu te varra
Você continua aqui
E mesmo que eu te exploda
Você insiste em existir
Mais uma vez nunca
Nunca mais te quero aqui


Beijos e até!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Moça do Sonho

Jogo de espelhos

Não sei em que canto escondi
Todos esses sentimentos tão entocados
Não sei por onde começar
Por dentro ou por fora?
Quando a cabeça se torna oca
O corpo assume a dívida
Como se fossem um só
E não deveriam ser?
Como é difícil procurar
Sem saber o que encontrar

Cala a boca menina!
Eu não quero mais te ouvir
Cala a boca Menina!
Finja que eu não estou aqui!

E tem jeito dela obedecer?
Tem uma que grita e outra que cala
Não sei por qual começo
O coração ora na boca, ora parado
E ela, como morta
Nem pisca
Uma melodia alegre escondedo aquela profunda
E insistente tristeza
Como acabar com ela?
Se não sei em qual delas se esconde


Cala a boca menina!
Eu não quero mais te ouvir
Cala a boca!
Finja que eu não estou aqui!


Somos tantas
Sempre tivemos pouco
Sempre tivemos menos
Eu sempre soube, que poderia mais
Se virássemos aquela que sempre sonhamos
Separadas
Mas em cumplicidade
Hoje me vejo
Em pedaços
Em várias
Sou tantas e nenhuma
Por enquanto
Enquanto a única dorme
Mas seu sono está cada vez mais leve
E ela
Alguma hora virá
E virá cantando

Canta menina!
Canta que eu quero te ouvir
Canta menina!
Finja que de ti, eu nunca saí


Beijos e até!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Lábia

Sai!

Por que você não vai embora de vez
Ninguém precisa dessa sensação
De vigilia velada
Some da minha cabeça
E dos seus arredores
Eu não preciso mais dessa merda de sentimento
Quem me vê
Não lhe vê mais
A nossa imagem não existe
Hoje
Nem nunca foi verdadeira
Não nasci para ficar
No balcão
Esperando que alguém me compre
Some!
Minha vida agora é outra
Sai dos meus sonhos
Não lhe quero mais em mim
Agora só quero voar
Para longe de quaisquer garras
Das tuas, dos teus
E das minhas
Bem-te-vi, rouxinol, sabiá
Quero cantar, quero cantar
Para bem longe desse teu ninho de cobras
Quero voar

domingo, 1 de junho de 2008

Pedaço de Mim

Em Pedaços

Nas lembranças mais profundas
Ela sempre aparece
Naquela casinha, de madeira
À beira mar
Em um lugar onde
O tempo
Era sempre ensolarado
E quando chovia
Era só alegria
Bolinhos, risadas
E jogos
Preenchiam aquele dia choroso
Não lembro quando foi a última vez
Que vi esmeraldas
Mas lembro delas me observando
Atentamente
Adorava aqueles cabelos cor de prata
Que pareciam nuvens
E a felicidade eminente a sua presença
Onde não havia tempo ruim
Tudo estava de acordo
Hoje o tempo mudou
E minha história mais uma vez se fragmenta
Perdi mais um pouco da minha infância
Quando o tempo se resumia às estações
Agora ele apresenta sua outra face
A mais feia
Aquela que dá
E depois retira
Hoje, morri mais um pouco
Enterrando mais um pedaço adorado
Do meu tão presente passado

Beijos e até!

PS: Para a minha Mima, com amor.