quarta-feira, 30 de julho de 2008

A Rosa

De Passagem

Não tenho embasamento teórico
Para nada
Não leio grandes pensadores
Não escuto música erudita
Sobre russos, sei muito pouco
E por vezes
Sou bem tabaroa
Canto senão murcho
Escrevo porque transbordo
Vejo sentimento até em paralelepípedo
Me emociono e choro
Por coisas que passam despercebidas
Me sinto, por vezes
Como se tivesse
Caído em um abismo de som e letras
Por lá, Chico sempre está a ecoar
As notas que uma vez escutei
Jamais saem dos meus registros
Minha memória é visceralmente
Fresca
Catalogo sensações
Engaveto sofrimentos
E estendo em meus varais
Alegrias coloridas
Mistura de luz e sombra
Frase tão banal
Também sou um pouco disso
Miro lo que admiro
Ou não
.


Beijos e até!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Ana de Amsterdam

A Esmo

Temperamental e forte
Às vezes sinto como se tivesse
Parido o vento, uma tormenta,
Os sopros do mar
Forte
Não consigo gostar do que escuto
E me deleito ao solfejar
Temperamental
E aquela flor exposta
Sim, ainda me toca
Por que sempre me exponho
Mais que o aceitável?
Enquanto, por vezes
Gostaria de estar invisível
enterrada
Raíz
Se ele é Camelo
Eu sou tigresa
Se ele um cachorro
Eu gata
Bicudos podem se beijar?
Versos misturados
Sem rima
E quando eu repito que
Não sei fazer música
Ele também não acredita
E fica tentando entender
Que tal parar de tentar me dominar
Na hora errada
E do jeito errado?
Amigos de sempre
Conhecidos de ontem
Uma escrita a esmo
Sem ordem
Sem harmonia
E por vezes desafinada
Isso soa parecido comigo
Livre, densa
E solta

Beijos e até!

Dura na Queda

Tradução

Quanto mais eu escuto
Mais me sinto a personagem principal
Da canção, da história que passa na minha cabeça
Ele me canta
Ele me deixa tonta
De tanto imaginar
A cabeça
Gira, gira
E o resto treme
De medo
De vontade
A música toca
E a estrela sou eu
Enquanto ele toca
Quem sente sou eu
E quanto mais escuto
Mais traduzo o que sinto
E quanto mais ele toca
Mais verdadeira me sinto

Beijos e até!

Abram alas para o mestre...


Dura Na Queda
Chico Buarque

Perdida
Na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural

Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir

Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol,a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

domingo, 27 de julho de 2008

Assentamento

Quase Esquecido

No meu palco
Ninguém brilha mais que eu
Nos seus olhos
Ninguém reflete tanto
As palavras me vem como água
Mas, às vezes
Um silêncio me inunda
E me mata por dentro
Assim renasço
E me reinvento
A cada instante
Já não sei se estou só conversando
Ou blefando
Você sabe quem sou eu, agora?
Me reconhece assim
Nua?
Para onde foi
Aquela outra
Tão segura?

Beijos e até!

PS: Lembras daquele brain, mestre?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Eu Sou a Árvore

À Espera

Perto do pomar
Tem sempre um moço
Que cuida das suas frutas
Como um cão
Faminto, ele olha por toda a parte
E não vê ninguém
No seu íntimo
Deseja alguém que venha roubar-lhe
A fruta
Pois não vê graça em saboreá-la
Em solidão
Mas aquela vigília tornou-se
Sua companheira
Ele dela depende
Ela nada lhe dá
Um dia
O sol aparece
E o brilho intenso
Que na maçã reflete
Lhe cega e doura a face
Nesse instante de luz
Aparece ela
Aquela que pára sua respiração
A cada movimento
Ele parado
Enquanto ela morde
E saboreia cada dentada
Ele também
Ao longe
E nesse instante
Ele percebe
Que não mais possuía um pomar
Pois agora
Havia alguém a quem amar


Beijos e até!

Desencontro

Amor e Outras Histórias

Ele diz que não quer voltar
Mas a cada dia que passa
Marca mais um traço no calendário
Enquanto ela canta
E pensa
Que nunca pensou
Que teria que se desapaixonar

E se eu desdissesse tudo o que eu disse?
E retrocedesse mais que milímetros?
Seria o suficiente para desfazer esse nó?

Ele se diz curado
Mas segue a procurar um antídoto qualquer
Por bares e lugares
Que não lhe dizem nada
Enquanto ela finge que já passou
Que o rombo no peito fechou
Ela sempre finge
Ela sempre inventa um mundo de histórias fantásticas
Enquanto ele acredita
Que tudo isso é verdade

E se eu dissesse que não sei fazer diferente
Mas estou tentando?
E se eu admitisse ser uma grande mentira
E reinventasse tudo
De novo e de novo...

Beijos e até!

domingo, 20 de julho de 2008

A Violeira

Eu Não Sei Fazer Música

Entra e sai
Vai e vem
Apresentações e despedidas
Os olhos procuram por algo novo
Mesmo em meio a totais desconhecidos
Como você se sente dentro da barriga?
Ela mexe, quando você a empurra
A métrica aqui fora é a mesma
E tudo é vida
Como Cecília
Também não sei
Em que espelho perdi minha face
Nem com quem ela parecia
E quando você me pergunta
Como eu imagino a melodia
Eu fico muda
E você não acredita
Nesse silêncio
Mas
Eu não sei fazer música
Mesmo compondo ambientes com som
Eu não sei fazer música
Mesmo enquanto sereia
Eu não sei fazer música

Continua...


Beijos e até!

domingo, 13 de julho de 2008

Cantando no Toró

Tudo Misturado

Repito essa música
Cantando
Eu berro por dentro
Que tal despertar?
Repito essa música
Berrando
Eu choro por dentro
Por que eu não me escuto?
Como pude
Ir embora, assim
E me despedaçar??
Me diga
Como pude??
Por favor, me diga agora
Ou será
Que ninguém vai perceber
Que talvez
Eu esteja infeliz
Por saber...


Não Vá Ainda

Composição: Zélia Cristina Duncan e Christiaan Oyens

O que você quer?
O que você sabe?
Não é fácil prá mim
Meu fogo também me arde
Às vezes
Me vejo tão triste...

Onde você vai?
Não é tão simples assim
Porque às vezes
Meu coração não responde
Só se esconde e dói...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Não, não vá ainda...

Me diga como você pode
Viver indo embora
Sem se despedaçar
Por favor me diga agora
Ou será!
Que você nem quer perceber?
Talvez você
Seja feliz sem saber...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Não, não vá ainda...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Espera anoitecer...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Bom Tempo

Reza Braba

Já faz um tempo
Mas ainda sinto a falta
Daquelas tardes
De risos sob lençóis
E desse cheiro
Que não sai do meu travesseiro
O tempo voa
A vontade
Chão

Mandei benzer
Aquele São Jorge que você me deu
Pra ver se tudo muda
Mandinga pouca
É bobagem
Vem logo
Te espero no portão
Vem logo
Segura e não larga mais
Do meu coração

Vamos voar de novo
Dar asas à imaginação
De que vale uma vida
Sem graça, sem paixão?
Cansei de brincar de não

Mandei benzer
Aquele São Jorge que você me deu
Pra ver se tudo muda
Mandinga pouca
É bobagem
Vem logo
Te espero no portão
Vem logo
Segura e não larga mais
Do meu coração

O valor do sonho
Está no bolso de quem o sonhar
Pago pra ver
Como o nosso caminho
Ainda vai
De novo florescer
Por isso...

Mandei benzer
Aquele São Jorge que você me deu
Pra ver se tudo muda
Mandinga pouca
É bobagem
Vem logo
Te espero no portão
Vem logo
Segura e não larga mais
Do meu coração

Beijos e até!

PS: "Ai Jéfi, você me dá cada idéia..."

terça-feira, 8 de julho de 2008

Almanaque

Samba das Palavras

Policromia
Multifunção
Polivalência
Falência, rouquidão
Com quantas palavras se conquista
A multidão?
De quantas notas é feita essa canção?
Democracia, anarquia
Repressão
Incompetente, descrente
Eu digo não
Com quantas palavras se destrói uma nação?
Com quantas notas eu componho o teu perdão?
Simpatia, sintonia
Sensação
Arritmia, batida
Pulsação
Com quantas palavras se conquista um coração?
Com quantas notas se denota uma paixão?
Palavras representam tudo
Sou mudo
Não falo
Através das palavras
Me calo

Beijos e até!

PS: Essa é doidera pura!

Canção dos Olhos

Jogo de Espelhos

Há algum tempo te observo
Com o canto dos olhos
Sem nenhuma palavra que me declare
Escuto
Indentifico os sons
A tonalidade das cores
Reparo
Há tempos não acredito muito
Em quase nada
Mas escuto
Vejo gestos minimamente articulados
Junto a uma fala precisa
Sinto
Ao longe
Uma vontade de provar
O que parece ser rijo e forte
Mas ainda não sei se acredito
Não sei se entrego
O doce
Pela boca
Há algum tempo me observo
E vejo que estou me transformando
Voltando à flor
Curando o que não foi
Só por isso
Te vejo, ao longe
Como um espelho
Que me reflete

Beijos e até!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Você vai me Seguir

Avante

Minha imaginação
Dá asas a quem não sabe voar
Vamos ver tudo de cima
Do céu da sua boca ou da minha?
Essa mente vaga
Que não oferece chão
Só um teto
Que não quer mais pão
Só afeto
Cansou dos sete palmos
Agora quer o ar, quer o mar
Quer tudo o que o nada
Não tinha para dar
Que gosto tem o meu nexo?
Aposto em agridoce
Mas quem dera
Antes fosse
Tão fácil de decifrar
Minha imaginação quer
E põe à prova
Todos aqueles que não sabem
Que sabem voar

Beijos e até!