terça-feira, 5 de agosto de 2008

Choro Bandido

Leitura da Cegueira

Os olhos em toneladas
Úmida face
Respiração de hortelã
Queima e gela
Na cabeça
Milhares de sentenças
Que não se encontram
Que não me fecham
E se eu escrevesse em português errado
Quem me julgaria?
Quem me condenaria à classe dos sem bons adjetivos?
Que se dane a literatura!
Quem nunca teve o seu dia de g e j?
Quem nunca confundiu amor, pavor
E amizade?
Que atire o primeiro Aurélio!
Que atire algum pedaço do seu antigo
Inteiro coração
Cansei do texto feliz e certeiro
Eu desejo a todos
O poder multiplicador da dúvida
Só ela transforma

Continua...

Beijos e até!

Um comentário:

Dusivan disse...

Ah!! A virtude da dúvida!
A contradição de ser.
A tensa administração de forcas opostas, mutuas e permanentes.
A incerteza que me faz ir adiante com o fogo nos olhos.
Nômade nas muitas entrelinhas das possibilidades.
A consciência líquida nao mantem sua forma e faz o ser
precário.
A fragilidade do mundo frente à vontade. Oh vaguidão.


Ivan Quevedo.